Trabalho Muscular
O objetivo deste informativo é relacionar as técnicas de drenagem linfática com a eletroestimulação muscular, e principalmente deixar claro porque é importante executar diversas sessões de drenagem antes de iniciar o fortalecimento muscular. Para isto apresentaremos a seguir uma breve descrição de algumas grandezas relacionadas com a atividade muscular.
Vale a pena ressaltar que essas grandezas estão relacionadas com a atividade física ativa na qual estão sendo consideradas as performances cárdio-respiratórias. Porém, essas definições são básicas para qualquer tipo de trabalho muscular incluindo a eletroestimulação.
Força Muscular
A força muscular é proporcional ao seu tamanho. Existem dois tipos de força muscular, uma é a força contrátil e outra é a força de contenção. A força contrátil máxima está entre 3 e 4 Kg/cm². Esse valor depende da condição do músculo e da sua hipertrofia e aumenta conforme o treinamento com exercícios.
A força de contenção é contrária à força de contração e é 40% maior que o valor da força contrátil.
Potência
Potência é uma grandeza diferente da força, mas às vezes são confundidas. Corresponde ao número de vezes que o músculo contrai a cada minuto. É representada pela seguinte equação matemática:
A unidade de potência é Kg x m/min, ou seja, é a capacidade que um músculo possui para elevar uma carga de 1 Kg até a altura de 1metro, ou deslocá-la por uma distância de 1metro, no intervalo de 1 minuto.
Em surtos curtos, com atividade intensa, a potência é maior que em longos períodos de atividade.
Endurance
Endurance é a resistência muscular, ou seja, quanto de força um músculo suporta em uma determinada atividade. Essa resistência depende da condição nutricional do músculo, principalmente da quantidade de glicogênio armazenada nele antes da prática de uma atividade física.
ATP
Para realizar uma atividade o músculo utiliza energia proveniente de ATP (Adenosina Tri-Fosfato) que é composto por uma base nitrogenada, a adenosina, e três ligações fosfato (PO3) as quais são muito energéticas. Além das funções mecânicas, como o trabalho muscular, o ATP é utilizado para o transporte de substâncias através das membranas e síntese de compostos químicos.
A cada fosfato que é liberado, o ATP se transforma em ADP (Adenosina Di-Fosfato) e AMP (Adenosina Mono-Fosfato), respectivamente, perdendo uma molécula de PO3¯, por cada nível e liberando energia:
Fornecimento de Energia
Para o fornecimento de energia muscular, nosso organismo dispõe de três sistemas:
1. fosfagênio (ATP)
2. glicogênio-ácido lático
3. aeróbico
Sistema Fosfagênio
É responsável pela formação de ATP a partir das ligações entre creatina e fosfato (PO3¯).
A energia liberada na quebra dessa molécula é muito alta sendo utilizada para a reconstrução do ATP a partir do AMP. O músculo possui maior quantidade de fosfocreatina armazenada que ATP.
Sistema Glicogênio – ácido lático
É um sistema anaeróbico, ou seja, não utiliza oxigênio para a realização do processo de liberação da energia. O glicogênio é uma substância que se encontra armazenada no músculo. A reação ocorre a partir da hidrólise do glicogênio em glicose. Cada molécula de glicose gera 4 mols de ATP e 2 moléculas de ácido pirúvico, que por sua vez converte-se em ácido lático quando não há oxigênio disponível ou em ATP quando há oxigênio abundante.
Sistema Aeróbico
É o sistema que libera ATP através do uso de oxigênio a partir de glicose, ácidos graxos e aminoácidos. Este processo ocorre na mitocôndria celular.
Segundo Guyton, as relações entre estes três sistemas e a produção de moléculas de ATP, o tempo e o tipo de contração muscular, estão descritas na tabela a seguir:
Tipo de sistema de fornecimento de Energia Molécula de ATP por minuto Tempo de contração Tipo de atividade muscular
Fosfagênio 4 8 a 10 seg Surtos de alta potência e poucos segundos de duração
Glicogênio-Ácido Lático 2,5 1,3 a 1,6 min Atividade atlética prolongada
Sistema Aeróbio 1 Ilimitado (enquanto houver nutrientes) Competições intermediárias 200 a 800 m.
Recuperação do Glicogênio Muscular
Para repor a quantidade de glicogênio são necessárias várias horas, chegando até a dias. Essa reposição depende do tipo de alimentação da pessoa, por exemplo, dietas ricas em carboidratos repõem mais rapidamente o glicogênio que aquelas que ingerem mais gorduras.
Durante o início das atividades a maior parte da energia dos carboidratos esgota-se e começam a ser utilizadas as reservas energéticas provenientes das gorduras, correspondente de 60 a 85% da energia utilizada. Dos 100% da energia, somente 25% é transformada em ação e o restante em calor e na formação de ATP.
Sistema Circulatório
As principais funções do sistema circulatório estão relacionadas com o transporte de substâncias, entre elas, nutrientes como: oxigênio, glicose, aminoácidos e ácidos graxos; remoção de excretas, como gás carbônico, ente outros; manutenção de íons nos tecidos; transporte de hormônios e água.
Cada tecido possui várias arteríolas que se dividem pelas camadas dos tecidos sendo que suas próprias necessidades determinam o seu funcionamento e sua distribuição. Os capilares retiram excretas dos tecidos e enviam para a circulação sangüínea. O contrário ocorre com os nutrientes, os quais são retirados do sistema circulatório e enviados aos tecidos.
Geralmente esse processo ocorre por difusão, ou seja, pela passagem dessas substâncias, através da membrana plasmática, por diferença de concentração entre os tecido e sem gasto energético. A permeabilidade da membrana varia de acordo com o tipo do tecido.
As células apresentam-se separadas umas das outras sendo que se formam espaços entre elas. Esse espaço é denominado interstício e é ocupado por um líquido que leva o mesmo nome: líquido intersticial, o qual contém os mesmos elementos do plasma sangüíneo, mas em concentrações diferentes, sendo resultante da filtração dos capilares.
O interstício é rico em proteoglicanas e não é permeável a proteínas sendo que as mesmas ficam alojadas no próprio interstício.
A movimentação dos líquidos através dos capilares ocorre devido à diferença de concentração das substâncias que se encontram no sangue e no líquido intersticial, no sentido em que há maior concentração para o espaço onde há menor, sendo que se há excesso no sangue, passa para os capilares e é distribuído para os tecidos; ou se há excesso no interstício é levado para o sangue e eliminado pelas vias excretoras, ou encaminhado para outros locais.
Efeitos da Drenagem Linfática
A drenagem é indicada nos quadros de estase venosa, edema ou retenção de líquidos, onde estão comprometidos os sistemas circulatórios sangüíneo e linfático, pois os capilares encontram-se obstruídos ou comprimidos, o que provoca um acúmulo de catabólitos como, por exemplo, toxinas e um déficit metabólico, onde há deficiência no aporte de nutrientes reduzindo a função dos tecidos.
Nesses casos, a drenagem otimiza a circulação permitindo que o tecido passe a realizar suas trocas metabólicas com eficiência e realize suas funções adequadamente.
Os benefícios que a drenagem linfática pode oferecer são:
1. Efeito drenante que atua sobre:
– capilares linfáticos
– capilares sangüíneos
– líquido intersticial
2. Efeito sobre a musculatura:
– lisa e estriada. Esse efeito varia de acordo com o tipo de técnica utilizada. Por exemplo o nosso aparelho Sequencial ativa diretamente a musculatura durante a técnica de drenagem, combinando-a com o intuito de impulsionar os líquidos.
3. Efeito sobre o sistema imunológico:
– melhora a condição do líquido intersticial, por estimular a produção de anticorpos.
Conclusão
Relacionando a forma de nutrição e trabalho da musculatura com a atuação da drenagem linfática, podemos concluir que esta facilita a eliminação de toxinas e outros catabólitos que reduziriam a atividade muscular; ainda atua facilitando a produção de ATP e a chegada de outros nutrientes para o músculo, o que eleva o aporte de substâncias úteis otimizando o trabalho muscular.
Bibliografia
1. GUYTON, A C. , HALL, J. E., Tratado de Fisiologia Médica, São Paulo, Manole, 2. SOUCHARD, P. E. , O Stretching Global Ativo, São Paulo, Manole 3. Enciclopédia Multimídia do Corpo Humano- Vol 2- Sistema Muscular |
Raquel Pereira Mathias
Crefito3 – 14252 FPF