Quando o sistema linfático não é capaz de drenar a linfa de um determinado membro, ocorre o excesso de acúmulos de linfa fora do vaso linfático, que caracteriza o linfedema.
O linfedema se desenvolve a partir de um desequilíbrio entre a demanda de líquido linfático e a capacidade do sistema.
As proteínas de alto peso molecular que extravasam para o interstício, são absorvidas exclusivamente pelo sistema linfático. Quando este perde sua capacidade de escoamento por alguma obstrução da via linfática no seu trajeto, ocorre acúmulo de linfa no vaso, que extravasa de volta ao interstício.
Esta concentração de proteínas no meio vascular gera alteração da pressão osmótica que vai caracterizar a presença constante de líquido no interstício – linfedema.
Como já foi dito, a linfa é um líquido com altas concentrações de proteínas, que em acúmulo no meio intersticial pode beneficiar a proliferação de germes, o que vai tornar o membro propenso ao desenvolvimento de infecções que provocam a perda de vasos linfáticos. Além disso, pode causar fibrose, caracterizando o edema endurecido e de menor resposta a drenagem postural.
Transporte:
A musculatura lisa do capilar linfático ao se contrair estabelece propulsão do líquido, auxiliando no transporte da linfa. Além desse mecanismo, o transporte também depende de fatores externos contribuintes ao sistema, como:
- Contrações da musculatura esquelética;
- Batimento vascular adjacente;
- Batimento cardíaco;
- Sistema respiratório;
- Peristaltismo intestinal;
- Massagem;
- Estímulos de andar e correr;
- Outros
Causas:
As causas mais comuns de linfedemas na face, no tórax, no pescoço, nos MMSS, etc, são as cirurgias e as radioterapias para tratamento de quadros oncológicos, ou compressões no trajeto do sistema linfático. Além dessas causas, nos MMII são comuns os linfedemas por trombose venosa profunda, traumas, insuficiência venosa crônica, úlceras, etc.
Prevenção:
Uma forma de conseguirmos evitar o aparecimento de linfedemas é com a prevenção, evitar agressões que façam com que o membro fique com pouca capacidade de drenagem, o que vai beneficiar o aparecimento de um edema, ou se já instalado, aumenta-lo. A realização de atividades físicas regulares, utilizando-se o bombeamento muscular, aumenta o fluxo linfático, além de técnicas compressivas ou de estimulação linfática.
Algumas manobras fisioterapêuticas são muito importantes para a prevenção, principalmente no pré e pós cirúrgico. Algumas das agressões que devem ser evitadas são: utilização de roupas e sapatos apertados; relógios e anéis apertados; andar descalço; queimaduras; locais de calor excessivo; etc.
Avaliação:
Existem alguns métodos diagnósticos para a avaliação do linfedema. Como profissional, não se pode esquecer que a ADM, de um membro com presença de edema, é menor. Entre eles, mostra-se abaixo os testes de avaliação mais importantes e mais utilizados.
- Linfocintilografia: É um exame que permite a visualização das estruturas linfáticas, podendo-se analisar a quantidade de vias linfáticas disponíveis e o tempo de passagem da linfa. É a mensuração do fluxo linfático, onde as proteínas de alto peso molecular são marcadas com material radioativo e injetadas no interstício.
Apartir desse procedimento, acompanha-se a absorção e a drenagem delas através do caminho linfático. É um método também utilizado na prevenção, por permitir a identificação de grandes alterações, estase linfática, antes do paciente desenvolver edema, para analisar os pontos de retenção (hipercaptação significativa em determinados gânglios linfáticos) para direcionar as técnicas de tratamento e avaliar os resultados obtidos.
- Perimetria: Exame onde mede-se o perímetro do segmento afetado em centímetros, comparando-se posteriormente com o membro contralateral.
- Volumetria: Exame onde mede-se o segmento afetado em volume. Coloca-se o membro afetado em um recipiente com água e mede-se a quantidade de água extravasada, comparando-se com o membro contralateral.
- Tonometria: Utiliza-se um aparelho que mede o tônus do membro afetado. Posteriormente compara-se com o membro contralateral para obter-se o resultado.
Tratamento Medicamentoso:
Somente para informação adicional, citamos os tratamentos medicamentosos mais citados pelas literaturas científicas. São os medicamentos que estimulam a proteólise e os medicamentos linfocinéticos, utilizados separadamente para cada caso.
Tratamento Fisioterapêutico:
O tratamento fisioterapêutico consiste na utilização de várias técnicas, que devem ser trabalhadas em combinação para que se obtenha resultados satisfatórios, sendo que se realizadas isoladamente não mostram resultados.
A forma correta de se tratar um linfedema é aumentando a oferta de vasos disponíveis, ou seja, estimular a circulação colateral, e a função dos gânglios e vasos linfáticos.
O tratamento geral consiste de medicação adequada, fisioterapia especializada e atividade física, principalmente hidroterapia. É importante que esse tratamento seja realizado o quanto antes possível, pois sabemos que o linfedema tende a aumentar e se tornar fibroso, além de perigoso para o surgimento de infecções posteriores. Malhas elásticas compressivas, prescritas pelo fisioterapeuta, pode ser utilizada para a manutenção do tratamento.
As técnicas fisioterapêuticas mais empregadas são:
Massagem centrípeta: Também chamada de técnica de Fold, por ser descrita pelo Dr. Fold na Alemanha. É a massagem de drenagem proximal. Consiste na estimulação manual das regiões de linfonodos superficiais e vias linfáticas, iniciando pelas vias proximais, prosseguindo com a estimulação de áreas mais distais, conseguindo o descongestionamento das vias linfáticas e melhorando o fluxo.
Bombas Compressivas: São equipamentos com o objetivo de comprimir o membro afetado pelo edema para aumentar a drenagem dos fluídos. Devem ser combinados a outras técnicas para aumentar seus efeitos, já que aumenta os padrões de fluxo. Porém, nunca sozinha, porque não facilita a absorção de proteínas, podendo aumentar o risco de fibrose e permitir recidivas do edema.
Enfaixamento Compressivo: Segundo Dr. Leduc, o sistema linfático consegue absorver com maior intensidade quando o membro do paciente está enfaixado com ataduras inelásticas e expostos a estimulação muscular. No entanto, as faixas podem ser elásticas ou inelásticas.
Exercício Físico: A atividade física gera uma ação mecânica no organismo (de movimento), fazendo com que os líquidos corporais se transportem, melhorando, com isso, os padrões de fluxo linfático, o que fornecerá um bom prognóstico para o quadro de linfedema.
Manobras Compressivas Elásticas: Após o término do tratamento do linfedema, são aplicadas malhas compressivas elásticas, por um determinado tempo, com o objetivo de evitar recidivas de edemas. São prescritas sob medida, e a pressão ideal é determinada para cada caso individualmente, sendo que nos linfedemas de MMSS devem variar de 30 a 50 mmHg.
Drenagem Postural: Nos edemas graus 2 e 3, com níveis de fibrose, não apresenta resultados significativos se trabalhado individualmente. Porém associado a outras técnicas, melhora muito o prognóstico.
Técnica de eletroforese: A eletroforese utiliza a corrente galvânica para ativar o próprio organismo à reequilibrar e normalizar de modo natural as alterações biológicas, que são responsáveis pelo aparecimento do edema. A corrente ativa a movimentação de líquidos no organismo, melhorando a circulação sangüínea e linfática. Essa movimentação faz com que ocorra a eliminação de líquidos e toxinas acumuladas em excesso em um determinado local.
A CK dispõe de um equipamento que realiza a eletroforese, o Cells-Trat. Para saber mais sobre este equipamento veja a matéria sobre eletroforese ou entre em contato com a CK.
Vale lembrar que nenhuma dessas técnicas devem ser utilizadas individualmente e por profissionais não capacitados para a realização. Os resultados se intensificam com a associação de técnicas, que devem ser escolhidas pelo profissional, analisando-se cada quadro clínico e deixando claro que esses recursos são indicados para lifedemas de níveis estéticos. Casos clínicos mais complexos devem ter sempre um estudo mais delicado sobre o uso de qualquer equipamento.